Mundo Estranho?

O mundo está estranho. E isso não é nome de revista. O desconforto das pessoas perante alguns fatos domésticos e internacionais é patente.
Muita gente do meu círculo de relações tem exprimido perplexidade em face dos últimos acontecimentos.
Tragédia ecológica como a de Mariana-MG; microcefalia em alta no meu Pernambuco; crise moral, etc.
Todavia, o que tem causado mais espanto hoje na gente com quem converso, são as tragédias pelo mundo afora, envolvendo França, Síria, Iraque e Rússia e o grupo terrorista Estado Islâmico.
A intensidade dos acontecimentos na Europa e Oriente Médio é tal que nos faz esquecer – ou anestesiar em nós – os graves problemas internos pelos quais passamos como brasileiros e que nos deixa, de alguma forma, aflitos: inflação, desânimo, desesperança, pé atrás de pequenos e médios empresários para investir, os Três Poderes em zona cinzenta, tudo isso concorrendo para certo tipo de náusea social que se pode ver a olho nu.
Por sua vez o cenário internacional se apresenta com o terror islâmico contra a França iluminista e secular, mas ainda com resquícios de igreja (será o choque de civilizações predito ṕor Samuel P. Huntington?) e com o drama real dos refugiados da Síria, do Sudão, da Somália, etc, numa peça teatral nada agradável, que teve decerto mais um ato com a Sexta-Feira 13.
Ato que traciona ainda mais o que já é tenso.
De um lado, o direito de os parisienses e europeus se protegerem da belicosidade do Estado Islâmico que, ao que tudo indica, infiltra agentes na Europa junto com os refugiados.
De outro lado, homens e mulheres, moços e velhos, em situação penosa e às vezes subumana. E agora com mais um obstáculo – a opinião pública francesa e mundial. O impasse se avizinha. Talvez já esteja posto.
Direito à vida, à segurança e à propriedade do europeu; impulso vital dos refugiados. Como equacionar isso? Haja matemática geopolítica. Que fio de Ariadne a Europa usará para sair desse labirinto?
Não sei, mas é certo que o Estado Islâmico – mais uma vez -, além de assassinar muitos, prejudica milhares de inocentes.
Para não deixar o bolo sem cereja, Vladimir Putin declara que o avião da empresa russa Metrojet que caiu no Egito, com 224 pessoas a bordo, não caiu. Foi derrubado, foi sabotado, foi alvo de terror. Qual o alcance da reação de Putin? Aroma nada agradável sobe no altar da política internacional.
Além disso tudo, por conta da sexta 13, a França já propõe medidas restritivas de liberdade. Deve seguir a receita dos EUA pós 11 de setembro.
Mundo estranho? Sim. E infelizmente isso não é apenas nome de revista.
Por Pr. Marcos Paulo